terça-feira, 29 de outubro de 2013
Os mistérios da Pedra da Gávea, no Rio.
O blog traz hoje uma das lendas mais famosas para quem vive na cidade do Rio e, talvez, um dos mistérios arqueológicos mais importantes da América do Sul, que deixou curiosa até mesmo a corte de Dom Pedro. Estamos falando sobre as possíveis evidências de a cidade do Rio de Janeiro um dia ter sido uma importante colônia fenícia, com possíveis evidências principalmente na Pedra da Gávea!
Na localização geográfica, a montanha fica entre a Barra da Tijuca e São Conrado, e a 842 metros de altitude está seu cume. O mais interessante é a formação do rochedo, que parece ser de um homem barbudo que olha, lá embaixo, a cidade. Seu nome, Gávea, remonta à época das grandes navegações, quando os portugueses que aqui chegaram notaram que ela era um observatório perfeito das caravelas que chegavam. O batismo da Pedra da Gávea remonta a expedição do capitão Gaspar de Lemos, iniciada em 1501, de que participou igualmente Américo Vespúcio, e na qual também o Rio de Janeiro recebeu sua denominação. Foi a primeira montanha carioca a ser batizada com um nome em português, após ter sido avistada, no primeiro dia de janeiro de 1502, pelos seus marujos, que reconheceram em sua silhueta o formato de um cesto de gávea, dando origem ao termo usado para toda a região.
Teoria da tumba de um importante rei fenício...
Existe no Rio de Janeiro o mito bem difundido de que o local seria uma tumba fenícia. O início se deu no século 19, quando algumas marcas numa rocha no cume da montanha chamaram atenção de Dom Pedro I, apesar de seu pai, Dom João VI, já ter recebido um relatório de um padre falando sobre as “marcas estranhas” (foto abaixo). Até 1839, pesquisas oficiais foram conduzidas, e no dia 23 de março, em sua oitava seção extraordinária, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil decidiu que a Pedra da Gávea deveria ser extensamente analisada, e ordenou então o estudo do local e suas inscrições.
Após o primeiro relatório, ninguém voltou a falar oficialmente sobre a Pedra da Gávea até 1931, quando um grupo de excursionistas formou uma expedição para achar a suposta tumba de um rei fenício que subiu ao trono em 856 a.C. Algumas escavações amadoras foram feitas sem sucesso. Dois anos depois, em 1933, um grupo de escaladores do Rio organizou uma expedição gigantesca com 85 membros, o qual teve a participação do professor Alfredo dos Anjos, um historiador importante. Em 20 de janeiro de 1937, este mesmo clube organizou outra expedição, desta vez com um número ainda maior de participantes, com o objetivo de explorar a face e os olhos da cabeça até o topo, usando cordas. Esta foi a primeira vez que alguém explorava aquela parte da rocha depois dos fenícios, se a lenda está correta.
Segundo um artigo escrito em 1956, em 1946 o Centro de Excursionismo Brasileiro conquistou a “orelha direita da cabeça”, a qual está localizada a uma inclinação de 80 graus do chão e em lugar muito difícil de chegar. Qualquer erro e seria uma queda fatal de 20 metros de altura para todos os exploradores. Ali, na “orelha”, há a entrada para uma gruta que leva a uma longa e estreita caverna interna que vai até ao outro lado da pedra. Em 1972, escaladores da equipe Neblina escalaram o Paredão do Escaravelho – a parede do lado leste da “cabeça” – e cruzaram com as tais inscrições, que estão a 30 metros abaixo do topo, em lugar de acesso muito difícil. Apesar de o Rio ter uma taxa anual de chuvas muito alta, as inscrições ainda conservavam-se quase intactas.
Em 1963, o arqueólogo Bernardo Silva Ramos tentou fazer a tradução assim, cuja transliteração foi: “LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT”. Que lidas ao contrário seriam: “TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL”. Ou seria uma tradução mais ou menos assim: “TIRO, FENÍCIA, BADEZIR PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL”.
Alguns dos fatos que levariam a muitas histórias sobre a Pedra da Gávea...
- A formação rochosa como uma grande cabeça com barba;
- Enormes pedras no topo da “cabeça”, que lembram um tipo de coroa;
- Uma enorme cavidade na forma de um portal (foto abaixo) na parte nordeste da “cabeça” que tem 15 metros de altura e 7 metros de largura e 2 metros de profundidade;
- Um ponto culminante como uma pequena pirâmide feita de um único bloco de pedra no topo da cabeça;
- Algumas outras inscrições lembrando cobras e raios-solares espalhados pelo topo da montanha;
Roldão Pires Brandão, presidente da Associação Brasileira de Espeleologia e Pesquisas Arqueológicas no Rio afirmou ao jornal O Globo: “É uma esfinge gravada em granito pelos fenícios, a qual tem a face de um homem e o corpo de um animal deitado. A cauda deve ter caído por causa da ação do tempo. A rocha, vista de longe, tem a grandeza dos monumentos faraônicos e reproduz, em um de seus lados, a face severa de um patriarca”. As pessoas que creem nesta hipótese associam a formação da montanha como uma esfinge suméria.
Atualmente já se sabe que em 856 a.C. Badezir tomou o lugar de seu pai no trono real de Tiro. Será a Pedra da Gávea o túmulo deste rei? Segundo consta, outros “túmulos fenícios” que foram encontrados em Niterói, Campos e no bairro da Tijuca sugerem que esse povo realmente esteve no Brasil. Robert Frank Marx, um arqueólogo americano interessado em descobrir provas de navegantes pré-colombianos no Brasil, começou em outubro de 1982 uma série de mergulhos na Baía de Guanabara. Ele queria achar um navio fenício afundado e provar que a costa do Brasil foi, em épocas remotas, visitada por civilizações orientais. Apesar de não achar tal embarcação, o que ele encontrou pode ser considerado um tesouro valioso. Sobre tal procura, o jornal O Globo publicou: “O caso dos vasos fenícios na Baía de Guanabara sempre foi tratado com o maior sigilo e seu achado só foi revelado um ano depois, em 1978, com vagas informações. O nome do mergulhador que achou as doze peças arqueológicas só foi revelado ontem, depois de uma conferência no Museu Marinho, pelo presidente da Associação Profissional para Atividades Sub-Aquáticas, Raul Cerqueira”.
Três vasos foram encontrados. Um permaneceu com José Roberto Teixeira, o mergulhador que encontrou os vasos, e os outros dois foram para a Marinha. As peças com capacidade para armazenar 36 litros estão sob a guarda do governo brasileiro.
Problemas nas tais “inscrições” fenícias...
Arqueólogos mais céticos e precavidos apontam que existe uma série enorme de problemas com as “inscrições”; a primeira é que os fenícios não se referiam a si mesmos como “fenícios”, uma vez que este é um termo grego para se referir a eles. Outro fato é que, como se sabe, a travessia do Oceano Atlântico iria muito além das habilidades navais fenícias, que sempre viajaram perto das margens.
A inscrição não foi relatada até a década de 1800, embora tenha sido sugerido também nessa época que a inscrição datava de tempos pré-colombianos. Durante o século 19, o estudo dos fenícios já estava em andamento e até mesmo estudantes amadores nesse período teriam tido um forte conhecimento dos cronogramas bíblicos. Para esses arqueólogos mais precavidos, tudo parece ser desgaste da pedra por meios naturais.
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