Foi há mais ou menos 10 anos que as raves ganharam popularidade nas grandes capitais do Brasil. Eram festas que duravam dias inteiros, tocavam músicas antes conhecidas como Psychedelic e dance e as pessoas dançavam alucinadas. Mas todas são incomparáveis à kaZantip, uma rave/república que acontece anualmente nos meses de julho e agosto na península da Crimeia, Ucrânia. Eu sei que é difícil associar as palavras festa e república, mas aos poucos você vai entender a ideia.
É impossível não se surpreender com esta RAVE que é sem igual. É uma monte de homens e mulheres seminus dançando e se pegando às margens do Mar Morto como se não houvesse amanhã envoltos por uma estrutura de palcos e pistas de dança impressionante. Se o vídeo for bem feito e bem editado, você fica até convencido de que sua próxima compra deveria ser uma passagem para a Ucrânia, mesmo que a festa tenha começado na semana passada em apenas mais 3 semanas. Digo “apenas” porque algumas edições da kaZantip chegam a durar mais de dois meses.
Originada em algum momento do início da década de 90, a kaZantip (também conhecida como Republic Z) não era uma festa eletrônica como é hoje. O evento, que atualmente reúne centenas de milhares de pessoas, saiu da cabeça de Nikita Marshunok, que viria a ser o presidente da República, e no início era apenas uma festa direcionada aos surfistas. Aos poucos o evento foi mudando seus propósitos e ganhando as proporções que honra atualmente: é conhecida como uma das maiores raves do mundo. Mas classificá-la como rave, festa, evento ou qualquer outra coisa seria imprudente de nossa parte, já que as peculiaridades e estranhezas de kaZantip são, eu diria, infinitas.
A maior dessas exclusividades é o fato da kaZantip ser considerada uma república. O que isso significa? Que ela possuí um território delimitado (de quase 100,000 m²), representantes legais e uma constituição composta por 21 artigos. Ok, e o que isso significa? Segundo o site da República, “os cidadãos que não obedecerem as regras de kaZantip perdem seu multi-passe e são deportados para o mundo imperfeito”. Por conta disso, alguns pensam que Nikita, o presidente, é um tirano sem coração. “A República de KaZantip é um estilo de vida com suas próprias regras, seu próprio presidente, ministros e cidadãos. Temos uma constituição e se alguém a viola perde seus direitos políticos. A constituição é como as regras do jogo. A regra essencial é: todos os anos o presidente é indicado por ele mesmo. E isso é tudo o que nossa democracia precisa para funcionar“, contou o político à Vice deixando escapar um sorriso que traiu sua serenidade surreal. “As pessoas frequentemente me acusam de ser uma espécie de ditador, mas a julgar pelo nosso povo e pela nossa estrutura você percebe alguns benefícios. Se você comparar nossa população com a população de qualquer outro país verá que provavelmente somos um dos países mais felizes do mundo. Então como conseguimos isso não importa muito”. (Não se esqueça de que continuamos falando de uma festa.)
Ao contrário do que pode ter parecido após a introdução paradoxal, a ideologia de kaZantip tem intenção de ser divertida e prega apenas o amor e a liberdade. O lema do país está contido na expressão “b U!” que significa “seja feliz, se divirta e aproveite a vida!”. O artigo 6º da Constituição determina as responsabilidades dos cidadãos: “Procurar a felicidade, achar a felicidade, voar de tão feliz, acreditar no surreal e acreditar em milagres. As pessoas que não estiverem em conformidade com esses direitos e responsabilidades são taxados de infeliz e a culpa é somente delas”. Acredito que são essas leis as responsável por fazer com que o lugar se assemelhe, em termos de maluquice, ao País das Maravilhas, onde viveu Alice.
Para entrar na República as pessoas precisam comprar um vizto e, então, serem registradas como cidadãs. Eu não escrevi errado: todas as palavras recebem a letra “Z” em vez do “S” na língua oficial local. Para você ter uma ideia de como a realidade paralela predomina na ideologia adotada pelos locais, existe até um Duty Free instalado em terras kaZantipanas.
Recentemente foi estabelecido outra autoridade máxima em kaZantip: a rainha Z. A cada semana uma beldade é selecionada por voto público para preencher o posto mais alto da hegemonia republicana e então, junto dos 3 príncipes e 3 princesas selecionados pela majestade, desfrutar de seus direitos reais, como banquetes especiais, bebidas de graça e o comando de algumas leis. Apesar da rainha ser a autoridade máxima na República, quem realmente tem o poder sobre a constituição é o órgão legislativo. São vários os ministros que cuidam dos poderes legislativos e executivos de kaZantip: ministro de relações exteriores, da alegria, da música, da dança e da rave, do intelecto, do visual e do ilusionismo, entre outros. Eu só não sei qual passou a ser o papel do presidente Nikita Marshunok com a reforma política.
Em kaZantip há muita pegação. As pessoas se beijam e se esfregam sem qualquer escrúpulo. Como não poderia ser diferente, existem algumas regrinhas simples do amor por lá: não existe sexo rápido e primitivo em kaZantip; seja bem educado, aprecie o outro e respeite um possível “não”; dar amor e experimentar amor é grátis; o amor desconhece empecilhos, idiomas e fronteiras; use o cérebro e preservativos; e quem ama pose casar-se em kaZantip e festejar para todo o sempre. Ahn – como é que é? O casamento é algo legal na rave? Sim. O artigo 19º da Constituição é muito claro: “A instituição Fast Married (Casamento rapido) valida o relacionamentos entre os cidadãos da kaZantip Party Republic. (…) O casamento é válido enquanto durar o amor, nenhum dia a mais.” E assim, inúmeras cerimônias são celebradas ao pôr-do-sol na Ponte do Amor.
Não obstante toda a liberdade sexual que o festival oferece, o que resulta em belos seios à mostra e vestimentas excitantes, o sexo em público não é bem-vindo aos olhos das autoridades (apesar de acontecer com certa frequência) e seus praticantes estão sujeitos à repreensão oficial.
Falando em repreensão, o código penal de kaZantip tem 3 artigos que, basicamente, proíbem os cidadãos de (1) urinarem e defecarem em lugares não permitidos, (2) incitarem ódio racista e/ou sentimentos machistas e (3) praticar a moléstia sexual ou comportamento intrusivo com as cidadãs.
Todas essas atitudes são passíveis de sofrerem as consequências instituídas por lei e que são aplicadas pela polícia moral nacional, a saber: multa, prisão e deportação.
Apesar de toda essa história de país independente, a grande verdade é que o kaZantip é uma imensa, divertida e apimentada festa. Os ravers de lá adoram tudo o que é fora do comum, estranho é vestir um short simples e uma camiseta normal.
Rola uma história de que ninguém usa e nem procura por droga, apenas bebida, preferencialmente vinho e vodka. Mas é difícil acreditar no papo ao ver o comportamento dos festeiros.
Caretas alucinantes, danças malucas e despreocupadas, e amassos que até num swing seriam constrangedores dão o tom absolutamente singular da festa.
Bom caros amigos, quer saber mais sobre esta Rave super especial, clique na foto abaixo e vá ao site ofiicial "kazantip".
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